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27 de out. de 2015

Uma história pessoal


Olá, como estão vocês?
Fiquei muito feliz quando fui convidada a compartilhar alguns pensamentos por aqui, e mais ainda em poder contar para vocês algumas coisas importantes sobre nós mulheres que as vezes não sabemos ou não percebemos.
Acho que uma forma mais fácil de começar é contando a minha história como mulher.
Recentemente vimos uma polêmica nas redes social em torno do Enem e de Simone Beaurvoir. Eu nem sabia quem era antes dessa polêmica toda, mas a frase citada no Enem, e que causou muita polêmica, foi de fato oportuna. Dizia: "Não se nasce mulher, torna-se mulher." Olha, vou ter que concordar com a Simone, e vou explicar o porquê.

Nasci terceiro filho, segunda filha. Sou a caçula, por isso escapei de uma fase um pouco mais conservadora do meu pai. Sei por relatos de minha mãe e irmã o que era dito para elas. Minha mãe foi proibida de concluir seus estudos, "Mulher que quer estudar e trabalhar é pra encontrar homem!" dizia meu pai. Quando nasci acho que pai já havia "amolecido o coração". Pude crescer como uma menina normal, porém mais tarde descobri que esse normal na verdade não era real.
Ganhei bonecas, mas gostava mesmo de jogos de montar. Usava rosa, mas minha cor favorita era azul. Gostava de brincar com as amigas, mas curtia mais ainda ver os irmãos delas jogarem videogames. Acabei tendo dificuldade para me entrosar com as meninas pois tínhamos gostos um pouco "diferentes", mas também aprendi a gostar de maquiagem, usar coisas fofas, fazer unha, dentre outras coisas que rotulamos coisas de mulherzinha. Porém por gostar mais de estudar e ler do que ir a festinhas e ficar com meninos, isso me permitiu ver algumas ações com outros olhos.
Pude perceber claramente que somos ensinadas desde pequenas a sermos princesinhas: temos que ser bonitas, cheirosas, arrumadinhas, dóceis para que nosso príncipe apareça, nos ame e queria levar a gente para seu castelo em seu cavalo branco. 
Minha mãe sempre foi contra essa ideia de que a mulher deveria depender do homem para garantir a sua felicidade. Na época dela ela sabia que isso seria o seu destino, mas viu oportunidade para as filhas e sempre nos ensinou que poderíamos ser o que queríamos. Eu decidi que iria ter meu próprio castelo e cavalo! O príncipe poderia vir com o tempo, mas não seria prioridade. Por isso diferente de muitas amigas, creio que todas, nunca sonhei com casamento, tive outros sonhos que julguei mais importantes e realizadores.
Quando conheci meu atual parceiro descobri uma pessoa com ideias muito parecidas com as minhas e que me ajudou a crescer mais e mais. Nosso lema sempre foi "Estar junto é somar, nunca dividir ou subtrair". Ele me ajudou a enxergar outras coisas que eu não havia percebido, outras amarras criadas pela sociedade.
Ao longo dos anos me tornei vegetariana e posteriormente vegana, consciente de uma vida mais natural e minimalista e admiradora do sagrado feminino.
 Mas essas mudanças só puderam ocorrer de fato quando me libertei dessas amarras. Cada vez que que abandonava um conceito imposto pela sociedade eu me desprendia de uma corrente que me mantinha naquele ciclo considerado "normal para uma mulher" pela sociedade, e mais me sentia livre e Eu mesma.
Aprendi a viver a mulher que existia em mim. 
Aprendi a me aceitar sem maquiagem, boa parte dela foi jogada fora ou doada para amigas, e descobri que me acho muito mais bonita sem ela. 
Aprendi que como mulher tenho uma forte conexão com o planeta e tudo que gera vida, mesmo que eu tenha escolhido não gerar uma em mim. Sim, tenho essa escolha também, não somos obrigadas a fazer isso somente por que a sociedade espera. 
Aprendi a entrar em harmonia com a natureza, usando apenas coisas que trazem saúde e vida.
Aprendi que posso gostar do meu ciclo menstrual, aprender com ele a cada mês e ainda sobre os poderes do sangue menstrual.
Aprendi que sou a energia que completa o masculino, e não devo ter vergonha ou me diminuir por isso. São energias complementares e precisam estar em equilíbrio, nenhuma dominando a outra.
Aprendi que sou um ser especial, simplesmente por ser eu.
Aprendi de fato a ser a mulher que havia em mim, e não como a sociedade colocou.

Tenham todas/e todos um ótimo dia, e lembrem-se: dentro de vocês habita uma mulher incrível e poderosa, esperando para ser libertada. 

Li

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